Tomei a decisão de produzir uma série de artigos sobre às sete igrejas da Ásia. Existem duas razões do porquê de uma série e não um único artigo:
A primeira razão é para o conteúdo não ficar muito longo. A segunda razão é para facilitar a consulta. Se o leitor quiser buscar saber sobre uma das sete igrejas da Ásia específica, não terá dificuldades.
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Introdução
João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;
Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia.
Apocalipse 1:11
O Apocalipse é uma carta e este é seu cabeçalho. É endereçado às sete Igrejas que estão na Ásia. No Novo Testamento “a Ásia” não é o continente asiático mas sim a província romana da Ásia.
Esta região tinha sido possessão de Átalo III quem, ao morrer, legou-a a Roma. Incluía a costa ocidental da Ásia Menor, sobre o mediterrâneo, e as regiões da Frígia, Mísia, Caria e Lísia, no interior.
Capital
Sua capital era a cidade de Pérgamo. Dirige-se, então, às sete Igrejas, que no versículo 11 se enumeram: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodicéia.
Estas não eram, certamente, as únicas Igrejas que havia na província romana da Ásia. Também sabemos de congregações cristãs em Colossos (Colossenses 1:2) e Hierápolis (Colossenses 4:12); Troas, Magnésio e Tralles são mencionados nas epístolas de Inácio, o bispo de Antioquia. Por que, então, João escolhe estas sete Igrejas, separando-as das demais? Pode haver várias razões.
CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO
E uma delas é que as sete Igrejas da Ásia talvez fossem os sete centros de distribuição postal da Igreja primitiva na Ásia; todas encontravam-se sobre uma rota circular que percorria o interior da província.
Se as cartas chegavam a estas sete Igrejas da Ásia, a partir delas seriam divulgadas na região ou distrito que encabeçavam. Troas estava fora de todo caminho habitualmente percorrido. Mas Hierápolis e Colossos estavam bem perto de Laodicéia; Tralles, Magnésio e Mileto estavam bem perto de Éfeso.
Contudo é bom lembrar-se que as cartas, naquela época, escreviam-se e se copiavam à mão. Portanto, só se podiam enviar àqueles lugares de onde tivessem a oportunidade de alcançar o maior número de pessoas.
Portanto as sete igrejas Ásia escolhidas serviam como centro de distribuição da mensagem.
CARTA À IGREJA DE TIATIRA
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E FUNDAÇÃO.
Apocalipse 2:18-29
A mais longa das sete cartas é a que se dirige à menos importante das sete cidades.
Plínio sustenta que Tiatira era uma cidade sem importância. Entretanto, como veremos, o problema que Tiatira enfrentava e o perigo que corriam os cristãos nela era idênticos com os que a Igreja devia enfrentar em todas as cidades da Ásia.
Tiatira estava localizada no longo vale que conecta entre si os vales dos rios Hermus e Caico. Na atualidade é sulcada por uma linha ferroviária.
A importância de Tiatira era sua posição geográfica.
Tiatira estava no caminho que unia a Pérgamo com Sardes, e que seguia até Filadélfia e Laodicéia, numa rota por onde podia chegar-se até Esmirna e Bizâncio.
Era o caminho por onde viajava o correio imperial; por esse caminho se transportava todo o intercâmbio comercial entre a Europa e Ásia.
Portanto, e acima de tudo, Tiatira era uma cidade comercial importante.
Do ponto de vista estratégico a importância de Tiatira era que fechava o acesso a Pérgamo, e Pérgamo era a capital da província.
Uma cidade estratégica
As primeiras notícias que temos de Tiatira nos descrevem isso como uma guarnição fortificada, onde servia uma companhia de soldados macedônios, cujo cometido era proteger a Pérgamo.
Mas Tiatira não podia suportar um sítio prolongado. Estava convocada num vale aberto e aprazível, onde não havia colinas ou penhascos que pudessem fortificar-se.
Tudo o que Tiatira podia fazer era atrasar o avanço das tropas inimigas e dar tempo a Pérgamo para preparar suas defesas. Tiatira era, portanto, do ponto de vista estratégico, uma cidade de fronteira muito importante.
Religião
Tiatira não tinha nenhum significado religioso especial. Não era centro da adoração de César nem havia nela templos gregos de algum significado especial.
Seu deus local era o herói militar Tirimno, que aparece nas moedas antigas montando a cavalo e armado com uma tocha e um pau.
A única coisa fora do comum com relação a Tiatira, do ponto de vista religioso, era que nela funcionava um santuário de adivinhação (oráculo), presidido por uma sacerdotisa conhecida com o título de Sambate. A Igreja de Tiatira não enfrentava um perigo especial de perseguições.
Um grande centro comercial
Qual era, então, o perigo e a ameaça em Tiatira? Tiatira é a cidade, entre as sete, com relação à qual sabemos menos coisas; é muito difícil, então, reconstruir a situação. A única coisa que sabemos positivamente era que funcionava como um importante centro comercial.
Era, em especial, o centro da indústria do tingido e do comércio de tecidos de lã. Lídia, a vendedora de púrpura, provinha de Tiatira (Atos 16:14).
As guildas comerciais
Sabemos, a partir de inscrições que se encontraram, que Tiatira era a sede de várias guildas de comércio importantes. Estas guildas eram uniões ou sindicatos de pessoas que trabalhavam num mesmo ramo da indústria ou o comércio e tinham objetivos tanto de mútua proteção e benefício como de tipo social e recreativo.
Em Tiatira havia guildas de operários da lã, do couro, do linho e do bronze, de modistas, de tintureiros, de oleiros, de padeiros e de traficantes de escravos. Por este lado, devia encontrar-se o problema da Igreja em Tiatira.
Negar-se a integrar uma dessas guildas devia ser, naquela época como negar-se a integrar o sindicato do ofício em que a pessoa trabalha. Significaria, supomos, perder toda esperança de prosperar no comércio ou na indústria. Que razões podia ter um cristão para negar-se a fazer parte da guilda que correspondia a seu ofício?
Haviam duas características das guildas que podiam resultar inconvenientes para os cristãos.
Comida sacrificada a ídolos
Em primeiro lugar celebravam periodicamente banquetes. Estes banquetes, como era habitual, tinham lugar nos templos pagãos. Mesmo se fossem feitos numa casa particular, iniciavam-se e concluíam com algum tipo de ato religioso formal, e a carne que se consumia neles era sempre carne que tinha sido sacrificada aos ídolos.
Podia um cristão participar de uma comida com estas características?
O mundanismo
Em segundo lugar, estes banquetes eram, em geral, ocasião para atos licenciosos e bebedeiras.
Podia um cristão estar presente em celebrações sociais deste tipo?
Este era o problema de Tiatira. Não havia ameaça de perseguição; o perigo estava dentro da Igreja. Na Igreja havia cristãos que se perguntavam por que um crente não podia pertencer à guilda de seu ofício, e por que devia sacrificar seus interesses comerciais ao negar-se a fazer parte do sindicato que lhe correspondia.
Os que se perguntavam estas coisas muito possivelmente argumentassem que o cristão era sempre defendido pelo Espírito Santo e pela presença de Cristo, e que precisamente por isso não fazia nada mau ao participar nas celebrações sociais convocadas pelas guildas.
Em outras palavras, em Tiatira havia um movimento bastante forte, presidido por uma mulher que no Apocalipse se chama Jezabel, que sustentava a necessidade de entrar em compromissos com o mundo e com as normas de moralidade mundanas, a fim de não arriscar o êxito dos negócios e a prosperidade material.
A resposta do Cristo ressuscitado é inequívoca. O cristão não pode ter nada a ver com tais coisas.
O problema de Igreja em Tiatira era um problema universal. É um problema que ainda seguimos tendo hoje: Pode o cristão comprometer-se com o mundo, e se puder, até que ponto deve fazê-lo?
O estado da igreja em Tiatira
R. H. Charles assinala que a mais longa das sete cartas é dirigida à menos importante das sete cidades; mas o problema e o perigo que ameaçavam e Igreja em Tiatira não são de pouca monta.
Das sete cartas, a carta a Tiatira é a mais enigmática. Nosso problema é que possuímos muito pouca informação sobre Tiatira e sobre o pano de fundo da Igreja que havia nessa cidade.
No caso das outras cidades, sabemos bastante sobre o pano de fundo das cartas e nos põe em condições de ver o que podia estar sucedendo nas Igrejas.
Mas no caso de Tiatira dispomos de tão pouca informação que ninguém poderia atrever-se a dizer que tem a chave para interpretar a carta.
Deparamo-nos com quatro perguntas.
1-Qual era, em realidade, a situação da Igreja nessa cidade?
2-Quem era essa mulher, Jezabel, aparentemente o centro do problema?
3-Quais eram em realidade seus ensinos?
4-O que significam as promessas que a Igreja recebe em Tiatira?
Primeiro procuraremos responder à pergunta: Qual era realmente a situação da igreja em Tiatira?
O juízo divino
A carta começa com uma descrição do Cristo ressuscitado que contém uma ameaça. Seus olhos como labaredas de fogo e seus pés como bronze polido.
A descrição é tirada de Daniel 10:6, onde um mensageiro angélico tem “os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido.” Em tudo isto há algo de espanto, terror e reverência.
Os olhos chamejantes significam pelo menos duas coisas: em primeiro lugar, a ira acesa do Cristo ressuscitado em face do pecado; em segundo lugar, a tremenda e arrepiante penetração desse olhar que nos descobre de todo disfarce e entra até revelar nossos segredos mais íntimos.
Quanto aos pés de bronze, significam sem dúvida o poder inflexível, incomovível e invencível do Cristo que esteve morto e agora vive. Uma mensagem que começa desta maneira sem dúvida não terá nada de tranquilizador e consolador.
Mas a carta continua, surpreendentemente, em termos de elevadíssimo louvor.
Uma igreja que também possuía virtudes
A Igreja em Tiatira é felicitada por seu amor, lealdade no serviço e fiel paciência. Deve notar-se como estas grandes virtudes aparecem em casais. O serviço é um resultado do amor, a paciência é o produto da lealdade.
Há algumas coisas, pelo menos, nas quais a Igreja em Tiatira melhorou desde os dias de seus começos.
Depois temos a condenação dessa mulher Jezabel, de suas atitudes e de seus ensinos. Não se pode evitar chegar à conclusão de que Jezabel tinha uma grande influência.
O perigo da superficialidade
A conclusão necessária pareceria ser a seguinte: Na superfície, a Igreja em Tiatira parecia forte e florescente.
Qualquer estranho que a visitasse ficaria impressionado por sua vitalidade e energia, por sua aparente liberalidade e por sua paciência. Entretanto, havia algo essencial que lhe faltava: em seu coração mesmo havia uma fissura.
Aqui temos uma advertência. Uma Igreja cheia de gente, um verdadeiro favo de energia, uma dínamo de atividade, não é necessariamente uma verdadeira Igreja.
É muito fácil encher de gente uma Igreja quando os fiéis vêm para ser entretidos e não para ser instruídos, para ser tranquilizados e justificados em vez de ser desafiados, confrontados com a realidade de seus pecados e com a oferta da salvação.
Uma Igreja pode chegar a estar cheia de energia. Pode ser que essa Igreja não descanse em suas múltiplas atividades, mas nessa abundância de energia, entretanto, pode ter perdido o centro de sua vida.
Em vez de ser uma congregação cristã conseguiu converter-se num clube bem-sucedido. A situação da Igreja em Tiatira deve nos levar a pensar.
Jezabel
O problema de Tiatira girava em torno de uma mulher a quem na carta chama-se Jezabel. Quem era esta mulher?
Esta mulher é chamada Jezabel. Portanto, seu caráter deve descobrir-se na personalidade da possuidora original deste nome, que aqui se aplica a ela como apelido.
Há poucas mulheres que tenham adquirido uma reputação de perversidade tão notória como Jezabel. Era a filha de Etbaal, rei de Sidom, e a esposa de Acabe (I Reis 16:31).
Quando veio de Sidom trouxe consigo seus deuses, e fez com que Acabe e seu povo adorassem a Baal. Ela não queria eliminar o culto ao Senhor. Mas os profetas de Jeová teriam que aceitar que, além de seu Deus, se adorasse o deus de Sidom.
Mandou matar os profetas do Senhor, então, por seu exclusivismo, e sustentava, em sua própria mesa, a quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal (I Reis 18:13,19).
Era o gênio maligno de Acabe; em particular foi a responsável pelo assassinato do Nabote, o dono da vinha cuja propriedade Acabe cobiçava (I Reis 21).
Seu nome chegou a ser sinônimo de “prostituição e bruxaria” (2 Reis 9:22). Era uma mulher notoriamente imoral, que seduziu a Acabe e a Israel para que se separassem do culto do verdadeiro Deus.
A Jezabel de Tiatira se assemelha a Jezabel do Antigo Testamento
Tudo isto deve significar que a Jezabel de Tiatira era uma mulher má e corruptora que exercia sua influência para apartar a Igreja de sua pureza de vida e a adoração do verdadeiro Deus.
Deve entender-se entretanto, que seu propósito não era destruir a Igreja, mas sim introduzir nela novas práticas que, a longo prazo, terminariam em destruí-la.
Jezabel deve ter sido uma dessas pessoas que querem modificar o cristianismo para que se adapte a sua própria modalidade e que se crêem capazes de melhorar os ensinos de Jesus Cristo.
Acusa-se a esta mulher, Jezabel, de ensinar duas coisas:
Que os cristãos podiam cometer fornicações e que podiam comer carne que tinha sido oferecida aos ídolos.
Comidas sacrificadas aos ídolos
Tomemos primeiro o segundo destes dois ensinos, porque podemos estar mais seguros do que significa. Um dos grandes problemas da Igreja naquela época era a carne que tinha sido oferecida aos ídolos.
Os cristãos eram confrontados em sua vida cotidiana. Quando alguém oferecia um sacrifício num templo grego, somente uma parte muito pequena da carne era queimada no altar.
Às vezes, só eram queimados uns poucos cabelos cortados da frente do animal. Os sacerdotes recebiam uma parte da carne, como sua remuneração, e o ofertante levava o resto.
Com a carne que recebia o ofertante podia fazer duas coisas:
celebrar uma festa dentro do recinto do templo, a qual convidava a seus amigos (o prato principal do banquete era a carne).
A maioria das festas e banquetes celebravam-se nos templos. O convite em geral dizia: “Convido-o a comer comigo na mesa de nosso Senhor Serapis”.
Se não queria celebrar um banquete no templo, podia levar a carne para sua casa e usá-la ali para seu próprio consumo, ou para algum festejo familiar.
Este era o problema dos cristãos: Podia um crente em Jesus Cristo assistir a um banquete num templo pagão? Podia, fora no templo ou em qualquer outro lugar, participar de uma comida cuja carne tinha sido sacrificada em honra de algum ídolo?
Paulo se ocupa deste problema em 1 Coríntios capítulos 8 a 10.
Devemos lembrar que na antiguidade cria-se intensamente na existência real de demônios; para os cristãos, os deuses pagãos eram demônios; uma das formas mais fáceis para entrar no corpo de um homem e possuí-lo era que o demônio pousasse na comida de sua vítima.
A carne sacrificada num templo pagão era comida que tinha sido oferecida, para seu uso, a um demônio. Podia o cristão comer essa carne?
Podia sentar-se num banquete sabendo que se ia oferecer essa carne a um ídolo?
Mesmo tendo a Cristo dentro de si como o mais poderoso antídoto contra toda coisa daninha, era correto que, ao participar dessas celebrações, aparecesse diante de outros como alguém que favorecia e aprovasse esse tipo de práticas, para ele nada menos que a adoração de falsos deuses que em realidade eram demônios?
O problema se complicava pois até no açougue era muito provável que a carne tivesse sido previamente oferecida a algum deus pagão. Os sacerdotes dos templos pagãos não poderiam comer eles próprios toda a carne dos sacrifícios que faziam. O restante o vendiam aos açougueiros, em geral era a carne de melhor qualidade.
O que podia fazer o cristão em tal caso?
Paulo disse o seguinte:
Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que todos temos ciência. A ciência incha, mas o amor edifica.E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.
Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele.
Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só.
Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores),
Continuação
Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.
Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, com consciência do ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada.
Ora a comida não nos faz agradáveis a Deus, porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta. Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos.
Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos?
E pela tua ciência perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.
Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo.
Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize.
Esse texto basicamente diz o seguinte:
O ídolo nada é no mundo, portanto não pode nos afetar.
A terra pertence ao Senhor e os ídolos não tem nada.
Não comerei comida sacrificada a ídolo na frente do meu irmão para não escandalizá-lo, se este não têm consciência das coisas que citei acima.
Tudo isto nos pode parecer um problema muito remoto. Mas para os cristãos na época antiga, era uma realidade que tinham que enfrentar todos os dias de sua vida.
O isolamento social
A proibição com relação à carne que tinha sido oferecida aos ídolos tinha uma conseqüência de considerável alcance.
Equivalia, na prática, a que o cristão ficava cortado de toda participação na vida social dos não crentes.
Se o cristão devia abster-se de participar de qualquer coisa que tivesse sido dedicada a um ídolo, não havia virtualmente função social pagã, e especialmente festa ou banquete, em que pudesse participar.
Isto, por sua vez, tinha outra conseqüência, que, como vimos, provavelmente constituía o pano de fundo do problema em Tiatira.
Na antiguidade todos os ofícios e profissões estavam organizados em guildas. Estas guildas celebravam freqüentes reuniões sociais, que em geral consistiam em banquetes.
Estes banquetes eram, pelo menos em parte, uma cerimônia religiosa. O mais comum era que se celebrassem em templos; começavam, sempre, com uma libação oferecida a algum deus e a comida era, é obvio, carne que tinha sido sacrificada.
Suicídio comercial
A posição oficial da Igreja era que o cristão não podia assistir a tais celebrações. Isto significava muito mais que perder uma oportunidade de divertir-se. Para um comerciante equivalia ao suicídio comercial.
Se era um artesão, sua carreira estava condenada ao fracasso, pois não podia pertencer à guilda se não assistia a suas festas. Não somente lhe era difícil, mas provavelmente impossível continuar nos negócios ou no exercício de sua profissão.
Jezabel e a sua influência diabólica
Aqui, então, é onde Jezabel exerce sua influência. Seu ensino era que os crentes em Jesus Cristo não têm necessidade de eliminar-se deste modo da vida social.
Ensinava que não havia razão válida para que se abstivessem de participar nas atividades da guilda; ninguém tinha a obrigação de suicidar-se profissionalmente por ser cristão; não havia mal algum, ensinava que deveriam aceitar os costumes e as modalidades do mundo.
Dizia que a igreja deve acomodar-se ao mundo, chegar a um compromisso com o mundo. E aqui, para ela, não se tratava de uma questão de princípios, mas sim da necessidade de proteger interesses comerciais.
Para Jezabel se havia um conflito entre os interesses comerciais e as normas cristãs, deve-se abandonar a observância destas últimas, e isto não constitui para ela, uma traição a Cristo.
Jezabel era uma dessas pessoas que amam sua própria prosperidade e dinheiro mais que a Igreja, e para quem as exigências do êxito comercial são mais importantes que as exigências de Deus.
Jezabel ensinava a prostituição
Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria.
A segunda parte do ensino de Jezabel não é tão clara. Diz-se que ensinava a cometer fornicação (v. 20); é exortada a arrepender-se de suas fornicações (v. 21); seus amantes e seus filhos são ameaçados junto com ela (vv. 22-23).
A pergunta é a seguinte:
Deve tomar-se literalmente esta referência à fornicação, ou no sentido metafórico que é freqüente nas Escrituras? Refere-se à imoralidade sexual ou à infidelidade espiritual a Deus?
Não há dúvida que nas Escrituras a infidelidade a Deus se expressa em termos de fornicação e adultério. Israel é a esposa de Deus (Isaías 54:5; Jeremias 3:20); no Novo Testamento a Igreja é a esposa de Cristo (2 Cor. 11:1-2; Efésios 5:24-28).
Em repetidas oportunidades, portanto, acusa-se a Israel de cometer adultério com outros deuses (Êxodo 34:15-16; Deuteronômio 31:16r Salmo 73:27; Oséias 9:1). No Novo Testamento, a época que é infiel a Jesus Cristo é uma “geração má e adúltera” (Mateus 13:39; 16:4; Marcos 8:38).
Acaso é isso o que se quer dizer aqui?
É a fornicação que inculcava o ensino de Jezabel infidelidade espiritual a Jesus Cristo? Significa a adoração de deuses pagãos, ou pelo menos alguma forma de compromisso com esse culto? Se este é o significado, “os que adulteram com ela” seriam os que flertam, por assim dizer, com essa classe de ensino, e seus filhos os que adotaram seu ensino e o seguem. Esta interpretação não é de maneira alguma impossível.
A fornicação espiritual, acarreta também a na física
O mais provável é que Jezabel ensinasse que o cristão deve acomodar-se ao mundo, que não devia rejeitar com rigidez as práticas mundanas.
Ensinava que o cristão não tinha necessidade alguma de abster-se das práticas habituais nos círculos dirigentes da indústria e do comércio; que o cristão não tinha por que insistir em níveis superiores de ética e moralidade.
Instigava a associação com o mundo
Queria, em outras palavras, que os cristãos transigissem com o mundo. Ensinava à Igreja uma infidelidade espiritual que sem dúvida também resultaria em infidelidades físicas.
A misericórdia de Deus quis que os ensinos de Jezabel não se convertessem em doutrina oficial da Igreja.
Se tal coisa tivesse sucedido, se sucedesse alguma vez no futuro, o cristianismo não seria mais que uma forma culta, amável, de paganismo.
Com relação a isto Paulo disse: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Romanos 12:2,
E Jesus deu seu juízo definitivo sobre este assunto quando afirmou:
“Ninguém pode servir a dois senhores … Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mateus 6:24).
A velha opção ainda continua sendo válida: “Escolhei hoje a quem sirvais” (Josué 24:15; Deuteronômio 30:19).
Deus é juiz
E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua fornicação; e não se arrependeu.
Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras.
E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras.
Frequentemente nós vemos Jesus levantando as pessoas da cama, promovendo cura. Neste caso, parece um Jesus diferente do que estamos acostumados a ver.
Aqui jesus está anunciando que irá prostrar de cama a Jezabel e todos aqueles que fornicam com ela, se eles não se arrependerem.
Aqui Jesus está na posição de Juiz, e como juiz ele está anunciando a sentença.
Assim como Deus é juiz e julga retamente assim também Cristo.
Algumas passagens que mostram Deus como juiz:
Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?
Gênesis 18:25
Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias.
Salmos 7:11
Mas Deus é o Juiz: a um abate, e a outro exalta.
Salmos 75:7
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
2 Timóteo 4:8
O fato de Deus ou cristo julgar alguém não anula a sua bondade.
Pois punir alguém que faz o mal, também é expressão de bondade.
Maldade seria fazer vista grossa com alguém que merece receber a justa punição por seus erros. E se Deus que está em condições de fazer justiça não faz, isso seria transgressão por parte do criador e seria parcialidade. Veja o exemplo abaixo:
Um homem entrou em uma escola recentemente nos estados unidos e matou 22 pessoas á tiros. Tal homem por cometer tal atrocidade foi a julgamento. O juiz condenou o homem á morte.
Para a mãe do assassino o juiz foi ruim. Mas para as famílias que tiveram os seus entes queridos assassinados foi justiça.
Se o juiz deixa tal homem sair sem ser punido, ele aos olhos da mãe da vítima seria bom, mas seria um mal juiz aos olhos dos familiares das vítimas.
Deus julga também pecados na igreja
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.
Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.
Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
Na igreja de corinto haviam pessoas fracas espiritualmente por pecarem, doentes e pessoas que morriam cedo por serem julgadas por Deus.
1 Coríntios 11:28-34
Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?
A medida de iniquidade
É importante saber que Deus não erra em suas sentenças, quando ele chega a julgar alguém é porque a medida de iniquidade já transbordou.
Jesus está usando no caso de Jezabel e seus seguidores o mesmo princípio que Deus adota por toda a Bíblia.
“Espera a medida de iniquidade ou injustiça se encher”
Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.
E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.
E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.
Me parece que Deus deus pode tolerar o pecado e a injustiça até certo nível, mas depois disso ele precisa julgar.
É o mesmo princípio utilizado por jesus na igreja de Tiatira, ele deu tempo para Jezabel e seus seguidores se arrependerem, Pois senão se arrependessem ele iria julgá-los.
Autoridade sobre as nações
Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações,
É bem provável que os galardões que iremos receber tem a ver com autoridade sobre as nações, no governo do Messias.
“Ao que vencer eu darei autoridade sobre as nações”
Durante o reinado de Cristo que regerá as nações com vara de ferro nós seremos seus assessores na governança do mundo.
Nós vemos esta mesma ideia sendo repetida na parábola das minas em Lc 19:12-27.
Nesta parábola jesus quando volta e toma posse do reino ele confere aos seus cooperadores que multiplicaram as minas seus galardões.
E os galardões são cargos de autoridade em governos de cidades.
Compareceu o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez.
Respondeu-lhe o senhor: Muito bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades.
Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco.
A este disse: Terás autoridade sobre cinco cidades.
Portanto é bem provável que os galardões tem a ver com cargos de autoridade no governo do messias.
A estrela da manhã
assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Quem é a estrela da manhã e o que significa recebê-la
O próprio Apocalipse chama “estrela matutina” ao próprio Jesus Cristo (22:16).
Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã.
Apocalipse 22:16
A promessa da estrela da manhã aos que forem fiéis não é nada menos que a promessa da possessão do próprio Cristo em pessoa.
Se o cristão for fiel, quando sua vida sobre esta Terra termine, possuirá a Cristo, para não perdê-lo jamais.
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Andem no espírito e vivam em amor!
Prof. Antonio Lira
Um grande abraço!
Para maior compreensão do assunto assista ao vídeo abaixo:
Autor: Antonio Lira
Fontes: Apocalipse de Willian Barclay
Bíblia almeida revista e atualizada.
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