Resolvi escrever este artigo e postar para abençoar o corpo de cristo, assim como fui abençoado com este estudo.
Recebi a incumbência de fazer um trabalho universitário do meu curso de Teologia, onde foi me pedido para entrevistar uma pessoa de alguma religião cristã e lhe fazer algumas perguntas.
Após serem feitas as perguntas eu deveria em seguida dar o meu parecer de acordo com aquilo que eu havia aprendido na disciplina.
A matéria em questão foi: Introdução ao Antigo Testamento
O assunto abordado foi: Cânon e Pastoral: O Antigo Testamento como apresentado pela Bíblia TEB.
Eu deveria refletir sobre as proposições listadas logo abaixo:
- Compreender porque os livros que compõem o Antigo Testamento não possuem unanimidade entre os Cristãos (Católicos) e Cristãos Reformados (Protestantes).
- Identificar a importância de conhecer a proposta da Bíblia TEB( tradução ecumênica da Bíblia) e sua preocupação com o Ecumenismo.
- Entrevistar alguns líderes religiosos
Introdução
Eu compus a minha atividade conforme proposto pela instituição de ensino da seguinte forma:
- Na primeira parte eu entrevistei a Senhora Adriana Braz Augusto da Igreja Verbo da Vida e lhe fiz algumas perguntas. As perguntas e respostas estão expostas logo abaixo.
- Na segunda parte eu associei a resposta da Senhora Adriana Braz Augusto com o conteúdo da matéria emitindo a minha opinião. Confira todo o conteúdo na íntegra logo abaixo:
Primeira parte
Entrevistei a Sr.ª Adriana Braz Augusto pertencente à Igreja Evangélica Verbo da Vida.
Primeira pergunta: Por que a Bíblia usada por cristãos (Católicos) é diferente da usada por cristãos reformados (Protestantes)?
Ela respondeu: Por causa do acréscimo de livros considerados não inspirados que foram escritos no período Inter bíblico, conhecidos como apócrifos.
Segunda pergunta: Conhece a Bíblia TEB?
Ela afirmou que não.
Terceira pergunta: É possível ter um único Canon para cristãos, ortodoxos, católicos e reformados?
Ela respondeu que sim, pois essa Bíblia já existe, e ela afirmou ser a Bíblia protestante com os 66 livros. O que falta é o reconhecimento desta bíblia e aceitá-la como único texto inspirado.
Segunda parte
Texto de reflexão comparando as respostas do entrevistado com minha reflexão da disciplina.
Cada um tem um ponto de vista de acordo com as suas crenças
Creio que cada pessoa carrega consigo um sistema de crenças e uma perspectiva dos fatos históricos que a faz crer e agir em uma determinada direção de raciocínio.
Assim, como vemos ao longo da história, vários historiadores sendo tendenciosos de acordo com as suas conveniências fazem deturpações de fatos e acontecimentos por diversos motivos como por exemplo: questões sentimentais, patriotismo, raiva dos inimigos entre outros.
Então, não podemos confiar cegamente no relato histórico. O que vamos fazer é juntar toda a informação e buscar encontrar aquilo que é mais coerente para acreditar. Além do mais, cada autor vai relatar os fatos na sua própria percepção. Reflita sobre alguns fatos citados abaixo abaixo:
As visões de João e Ezequiel
Isso fica claro quando Ezequiel narra a sua visão do trono de Deus e comparamos com a mesma visão de João quando escreveu o Apocalipse. Ezequiel descreve a visão dos 4 seres viventes como se estivesse vendo de lado e João tem a mesma visão sendo que apresenta os seres viventes de frente.
Portanto, cada um narra na perspectiva que viu.
Qual está certa e qual está errada? As duas estão certas. Neste caso, quem ganha é o leitor, pois este tem a chance de ter mais detalhes do trono de Deus.
Por outro lado, se o leitor for crítico demais ele vai focar nos elementos que foram narrados e que são diferentes e vai ficar apontando contradições e defeitos.
As divergências dos evangelhos
Outro exemplo é sobre a narrativa do cego de Jericó: Lucas e Marcos dizem que é apenas um cego, porém Mateus diz que são dois cegos. São dois ou apenas um cego? Não sabemos ao certo, apenas sabemos que um ou dois cegos foram curados. Pois cada um narrou na sua própria perspectiva.
O fato de haver contradição no relato isso não invalida o texto bíblico. Pois isso é o que se espera ver em narrativas de testemunhas oculares que tiveram a mesma visão de um acontecimento.
Cada um vai narrar na perspectiva que viu. Pois se narrassem igualzinho você poderia desconfiar que houve um “arrumadinho, combinado”. Portanto creio que cada um terá a sua visão de acordo com o seu sistema de crenças.
Dito isso vamos prosseguir com a raciocínio.
O que acho sobre o acréscimo dos apócrifos dentro da minha perspectiva segundo o que eu e aprendi e comparando com as aulas.
Creio que os livros apócrifos devem servir como material de conteúdo histórico para consulta e não como texto inspirado. Já que quando o 2º Concílio de Cartago decidiu o fechamento do Canon em 397 com os 66 livros usados pelos protestantes, mantendo a mesma composição da lista de Atanásio de 393.
Esse Canon foi fechado com os 66 livros que compõe a Bíblia protestante de forma definitiva. Por esta razão creio que Lutero pensou como eu penso, colocando os apócrifos em um apêndice. Pois não desprezava o seu conteúdo histórico, contudo não achava que esses livros deveriam ser considerados inspirados.
Devemos agora avaliar alguns pontos interessantes:
Primeiro: Será que nós podemos usar um dos critérios de canonicidade utilizado pelos pais para avaliar a questão de os apócrifos fazerem parte do Canon.
Um dos critérios utilizados para saber se um livro deveria fazer parte do Canon em 397 era que o livro examinado deveria se harmonizar com o restante das escrituras.
Com esse exame, muitos pretendentes ao Canon ficaram de fora, como por exemplo a carta de Clemente aos coríntios, a didaquê, o pastor de Hermas, entre outros.
Pergunta: Será que os apócrifos se harmonizam com o restante das escrituras?
Obviamente que não, pois encontramos nos apócrifos uma completa desarmonia com o restante dos textos que consideramos inspirados, veja:
Um pouco do conteúdo do livro de Tobias é:
- justificação pelas obras – 4:7-11.
- mediação dos santos – 12:12.
- superstições – 6:5,7-8.
- um anjo engana Tobite, o pai de Tobias: 5:11-13.
-
JUDITE – (150 a.C.)
- É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o.
- Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
-
BARUQUE – (100 d.C.)
- Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém.
- Porém, é de data muito posterior, cerca de 70 d. C., data em que aconteceu a segunda destruição do templo de Jerusalém.
- Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos – 3:4.
ECLESIÁSTICO – (180 a.C.)
É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:
- justificação pelas obras – 3:33.
- trato cruel aos escravos – 33:26-30; 42:4-5.
- incentiva o ódio aos Samaritanos – 50: 27-28.
SABEDORIA DE SALOMAO – (40 d.C.)
Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã).
Em seu conteúdo há:
II MACABEUS – (100 a.C.)
Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Alguns destaques do livro são:
- a oração pelos mortos – 12:44-46.
- culto e missa pelos mortos – 12:43.
- o próprio autor não se julga inspirado – 15:38-39; 2:24-27.
-
ADIÇÕES A DANIEL:
- Capítulo 13– A história de Suzana – segundo esta lenda, Daniel salva
Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos. - Capítulo 14– Bel e o Dragão – Contém histórias sobre a necessidade da
- Capítulo 3: 24-90– o cântico dos 3 jovens na fornalha.
Lendas, erros e heresias dos livros apócrifos.
- Histórias fictícias, lendárias e absurdas.
- Tobias 6.1-4conta uma história bizarra de Tobias pegando um peixe que supostamente havia saltado para comê-lo. Posteriormente as entranhas deste peixe são usadas para fazer uma espécie de simpatia ( 8).
- Erros Históricos e Geográficos.
- Os Apócrifos aniquilam as bases a doutrina da inerrância bíblica, pois esses livros incluem erros históricose de outra natureza.
- Assim, se os Apócrifos são considerados parte das Escrituras Sagradas, isso identifica erros na Palavra de Deus.
- Esses livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais.(Judite 9:9-13).
Com base no que lemos acima de forma resumida, é fácil percebermos que não há inspiração nestes livros e não teria tempo aqui para refutar cada uma dessas doutrinas que ferem a harmonia dos textos considerados inspirados.
Creio que os Católicos Romanos resolveram colocar esses livros no Canon à partir de 1545 pois a reforma protestante colocou o dedo na ferida e apontou os erros doutrinários ensinados pela Igreja ao longo dos séculos.
E ela precisava dos apócrifos para comprovar que as suas doutrinas tinham base bíblica. Porém, essas bases só podem encontrar respaldo nos apócrifos e assim mesmo com muito contorcionismo hermenêutico.
Os católicos afirmam: Os livros da septuaginta devem ser considerados inspirados pois foram utilizados pelos primeiros cristãos.
Considerar todos os livros da septuaginta como inspirados não é uma boa ideia. Pois esses livros que foram escritos no período inter bíblico (Apócrifos) e também os acréscimos em Daniel, Ester, entre outros, não foi aceito nem pelos judeus, pois estes não consideraram livros inspirados. Pois ficaram de fora do Canon judaico.
Se os judeus que estão mortos espiritualmente (não nasceram de novo) puderam identificar que esses livros como não são inspirados, que dirá a Igreja do Deus vivo a coluna e baluarte da verdade.
A menos que a verdade não seja o valor principal a ser buscado, e sim, a tradição religiosa. Pois se a tradição religiosa está acima da verdade então é melhor para todos nós assumirmos publicamente o papel de atores.
Essa é a minha visão, me perdoe a sinceridade.
Quanto à possibilidade de termos um único Cannon.
Comecei falando sobre sistema de crenças e gostaria de terminar esse assunto falando disso.
A posição católica romana
Veja bem, cada um vai seguir uma direção de raciocínio segundo as suas crenças. Creio que os católicos vão continuar utilizando a septuaginta com 73 livros e mais os adicionais de Daniel e Ester. Pois vão querer valorizar a tradição em detrimento a inspiração divina.
A posição protestante
Creio que os protestantes irão fazer o contrário: irão valorizar muito mais a inspiração do que a tradição. Para estes o que vale é o texto inspirado e nada mais. Os textos precisam se harmonizar. E como os adicionais da septuaginta não se harmonizam com os 66 livros que foram fechados em 397, então não haverá acordo.
A posição dos judeus
Quanto aos judeus acredito que estes estão mortos espiritualmente e só nascerão de novo para entrarem no pacto no final da tribulação. Até lá vão continuar cegos para o evangelho exceto alguns gatos pingados que se convertem aqui e ali.
Se até hoje não reconheceram Jesus como messias, que dirá acreditar nos textos apócrifos que foram excluídos do seu Canon bem como os textos do Novo Testamento contendo 27 livros que fala do Cristo que eles não receberam como messias. A ideia de aceitarem um único Canon seria impossível.
Creio que por questão de crenças, não creio que nem em um futuro distante poderá haver um único Canon. Portanto, quanto a aceitação de um único Canon, sem chance.
E a Bíblia TEB?
Quanto a Bíblia TEB achei ótima iniciativa de compilar os textos na forma original hebraica, e também a septuaginta em um único lugar, será ótima para estudos.
Quanto à ideia de promover o ecumenismo não sei se surtirá o efeito desejado pois acredito que o sistema de crenças de cada um e suas convicções religiosas individuais e tudo que escrevi acima será um fator dificultador que eu considero intransponível.
A bíblia comprova o que eu disse acima em Amós:
Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?
Conclusão
Diante de tudo o que vimos acima acredito que cada homem seguirá a sua crença religiosa e encontrará a verdade ou se renderá a ela cedo ou tarde. Quem dera fosse cedo, pois andar com a verdade é muito prazeroso e gratificante.
Autor: Antonio Lira e Silva
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Referências:
https://bibliaseensina.com.br/estudo-heresias-dos-livros-apocrifos
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