Carta à igreja de Laodicéia

Tomei a decisão de produzir uma série de artigos sobre às sete igrejas da Ásia. Existem duas razões do porquê de uma série e não um único artigo:

A primeira razão é para o conteúdo não ficar muito longo. A segunda razão é para facilitar a consulta. Se o leitor quiser buscar saber sobre uma das sete igrejas da Ásia específica, não terá dificuldades.

Introdução

 

João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;

Apocalipse 1:4

Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia.

Apocalipse 1:11

O Apocalipse é uma carta e este é seu cabeçalho. É endereçado às sete Igrejas que estão na Ásia. No Novo Testamento “a Ásia” não é o continente asiático mas sim a província romana da Ásia.

Esta região tinha sido possessão de Átalo III quem, ao morrer, legou-a a Roma. Incluía a costa ocidental da Ásia Menor, sobre o mediterrâneo, e as regiões da Frígia, Mísia, Caria e Lísia, no interior.

Capital

Sua capital era a cidade de Pérgamo. Dirige-se, então, às sete Igrejas, que no versículo 11 se enumeram: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodicéia.

Estas não eram, certamente, as únicas Igrejas que havia na província romana da Ásia. Também sabemos de congregações cristãs em Colossos (Colossenses 1:2) e Hierápolis (Colossenses 4:12); Troas, Magnésio e Tralles são mencionados nas epístolas de Inácio, o bispo de Antioquia. Por que, então, João escolhe estas sete Igrejas, separando-as das demais? Pode haver várias razões.

CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO

 

E uma delas é que as sete Igrejas da Ásia talvez fossem os sete centros de distribuição postal da Igreja primitiva na Ásia; todas encontravam-se sobre uma rota circular que percorria o interior da província.

Se as cartas chegavam a estas sete Igrejas da Ásia, a partir delas seriam divulgadas na região ou distrito que encabeçavam. Troas estava fora de todo caminho habitualmente percorrido. Mas Hierápolis e Colossos estavam bem perto de Laodicéia; Tralles, Magnésio e Mileto estavam bem perto de Éfeso.

Contudo é bom lembrar-se que as cartas, naquela época, escreviam-se e se copiavam à mão. Portanto, só se podiam enviar àqueles lugares de onde tivessem a oportunidade de alcançar o maior número de pessoas.

Portanto as sete igrejas Ásia escolhidas serviam como centro de distribuição da mensagem.

 

CARTA À IGREJA DE LAODICÉIA

 

Laodicéia a igreja que jesus não pôde dizer nada de bom

 

Laodicéia possui a triste distinção de ser a única Igreja com relação à qual o Cristo ressuscitado não pode dizer nada bom.

No mundo antigo havia seis cidades que se chamavam Laodicéia, e a que se menciona no Apocalipse era, para distingui-la das outras, Laodicéia sobre o Licus.

Tinha sido fundada cerca do 250 a.C. por Antíoco da Síria, e o nome da cidade era o de seu esposa, Laodicéia.

Localização

A importância de Laodicéia radicava exclusivamente em sua localização. O caminho que unia Éfeso com Síria era o mais importante de todos os que percorriam a Ásia Menor.

Este caminho bordejava a costa, saindo de Éfeso, mas logo se via obrigado a subir até a meseta central, que tinha quase 2.500 m de altura.

Fazia-o indo pelo vale do rio Meandro, até chegar ao que conhecemos como As Portas da Frígia.

Mais além dessas “portas” encontrava o vale largo onde coincidiam as fronteiras da Frígia, Lídia e Caria. O caminho que subia até esse vale desde o Meandro era de montanha, rochoso e com precipícios de um lado e do outro.

As margens do Meandro, desde esse vale, eram intransitáveis, pois as águas se precipitavam por uma garganta rochosa, muito profunda, esculpida pela erosão nas montanhas.

O caminho, então, fazia um desvio a essa altura, tomando o vale do Licus, outro rio, e subindo por este até a meseta. Nesse vale estava Laodicéia.

O caminho penetrava o vale pela porta de Éfeso, do Leste, e o abandonava pela porta da Síria, sobre o Oeste. Isto, somente, teria bastado para que Laodicéia fosse um dos grandes centros comerciais e estratégicos do Oriente Médio.

Originalmente a cidade tinha sido uma fortaleza. Mas do ponto de vista militar sua grande fraqueza era que toda a água que precisava devia ser trazida desde uns dez quilômetros, por aquedutos subterrâneos, o que era muito perigoso em caso de sítio.

Uma cidade de grande potencial

Havia outros dois caminhos que passavam pelas portas de Laodicéia. Eram os caminhos que iam desde Pérgamo e o vale do Hermus, até a Pisídia, Panfília e a costa, em Perga, e o caminho que ia caria a Frígia. Tal como comenta Sir W. M. Ramsay, “somente a paz era necessária para que Laodicéia se convertesse num grande centro comercial e financeiro”.

E essa paz veio com o domínio romano. Nos dias antigos de incerteza, Laodicéia nunca tinha passado de um povoado, mas quando Roma impôs sua paz no Mediterrâneo, chegou-lhe a grande oportunidade de converter-se no que Plínio qualifica de “uma distinguida cidade”.

Laodicéia era uma cidade rica

Laodicéia tinha certas características que deixaram seus sinais na carta que lhe é dirigida. Era um grande centro de bancos e das finanças. Quando Cícero viajou pelo oriente, foi em Laodicéia que converteu em dinheiro as letras de mudança que levava consigo. Laodicéia era uma das cidades mais ricas do mundo.

O ano 61 de nossa era, Laodicéia foi devastada por um terremoto; mas seus cidadãos eram tão ricos e independentes que se negaram a receber ajuda do governo romano e reconstruíram a cidade com seus próprios recursos e esforço.

Tácito, o historiador romano, escreve:

“Uma das cidades mais famosas da Ásia, Laodicéia, foi demolida nesse ano por um terremoto, e sem nossa ajuda de classe alguma, recuperou-se mediante seus próprios recursos” (Tácito, Anais, 14:27).

Achavam-se tão abastados que pensavam não precisar de Deus

Não é de maravilhar-se que Laodicéia se glorificasse de ser rica, de possuir grandes fortunas e de não precisar de nada. Era tão rica que nem sequer cria ter necessidade de Deus.

Era um grande centro da indústria do vestido. As ovelhas que pastavam nos arredores de Laodicéia eram famosas no mundo inteiro por sua lã suave, de cor violeta escura. Produzia industrialmente mantos muito baratos.

Uma de suas especialidades era uma túnica chamada trimita, pela qual alguns chamavam Trimitaria à cidade. Laodicéia estava tão orgulhosa da roupa que fabricava que não podia dar-se conta que a Deus a enfrentava desnuda.

Era um centro médico de importância. Vinte quilômetros a oeste de Laodicéia, entre a cidade e a Porta da Frígia, estava o templo dos Homens-deuses de Caria.

Numa época este templo tinha sido o centro comercial, administrativo e social de toda a região. Até começos de nossa era o costume era ter grandes mercados, em datas fixas, nos arredores do templo.

Este lugar era o centro de uma importante escola de medicina. Mais tarde, a escola se transferiu à cidade de Laodicéia. Tão famosos eram seus médicos, que os nomes de alguns deles aparecem nas moedas da cidade.

Dois deles, por exemplo, chamavam-se Xeusis e Alexandre Filaetes. Havia duas coisas que contribuíam à fama desta escola de medicina: um ungüento para os olhos e outro para os ouvidos.

Um colírio famoso no mundo inteiro

Seu colírio, que se preparava na forma de pequenos pãezinhos da substância medicinal (kollurion, em grego, significa pãozinho) exportava-se de Laodicéia a todos os centros povoados do mundo antigo. Laodicéia tinha tal consciência de suas habilidades médicas no tratamento da vista, que nunca lhe ocorreu pensar que aos olhos de Deus podia ser cega.

As palavras do Cristo ressuscitado respondem de maneira direta à riqueza e às habilidades técnicas que caracterizavam e tornavam Laodicéia famosa, e que a enchiam de tanto orgulho. Este orgulho, precisamente, tinha eliminado a necessidade de Deus na mente e no coração de muitos de seus cidadãos e, aparentemente, até entre os membros da Igreja.

Uma cidade repleta de judeus

Devemos agregar um fato mais com relação a Laodicéia. Estava numa região onde abundava a população judia. Estima-se que na região viviam pelo menos 7.500 varões judeus, sem contar as mulheres e os meninos.

Na cidade de Hierápolis, a uns dez quilômetros de Laodicéia, havia uma “congregação de judeus” que tinha o direito de cobrar multas e impostos e possuía um arquivo de documentação legal onde se guardavam dados sobre toda a população judia da zona. Havia poucas regiões no mundo onde os judeus, fora da Palestina, fossem tão ricos e influentes.

Tal, então, era Laodicéia, a cidade muito rica para preocupar-se por Deus ou sentir alguma necessidade dele.

Jesus responde a essa igreja da seguinte forma:

pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Apocalipse 3:17

Eles se achavam ricos e abastados e financeiramente independentes, mas Jesus disse que eles eram pobres cegos e nus.

Na verdade eles precisavam ser ricos espiritualmente falando, pois essa é a verdadeira riqueza. Na verdade eles precisavam de valores espirituais que o dinheiro não poderia comprar.

“Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.”

O Cristo ressuscitado recomenda que compre ouro que tenha sido refinado no fogo.

O ouro provado no fogo demonstra seu autêntico valor; é precisamente com essa imagem que Pedro descreve a fé verdadeira (1 Pedro 1:7).

A riqueza pode fazer muitas coisas, mas há coisas que por mais dinheiro que se tenha jamais poderão conseguir-se. Amizade, saúde, superar uma perda etc..Mas se alguém tem uma fé que foi provada e refinada no crisol do fogo da experiência, não há nada que não seja capaz de enfrentar e é, verdadeiramente, rico como ninguém.

Apocalipse 3:18

“Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:”

Apocalipse 3:14

“Estas coisas diz o amém”

No evangelho de João as afirmações de Jesus muito frequentemente começam dizendo “Em verdade, em verdade vos digo…” (por exemplo João 1:51, 3:3, 5, 11, etc.).

No texto original se lê: “Amém, Amém lhes digo…” É possível que se chame “o Amém” a Jesus Cristo como reminiscência de sua própria maneira de falar.

O significado, neste caso, seria o mesmo: Jesus Cristo é Aquele cujas afirmações são verdadeiras, Aquele em cujas promessas pode ter-se uma confiança total.

Em Isaías 65:16 Deus é chamado o Deus da verdade; em hebraico isto se diz “Deus do Amém”.

A palavra Amém é a que normalmente se pronuncia ao terminar uma declaração ou afirmação solene para garantir e reafirmar a verdade do que se disse.

Se diz-se de Deus que é o Deus do Amém, isto significa que pode confiar-se totalmente nele, que não pode duvidar-se de suas afirmações, que suas promessas são sempre verdadeiras.

O princípio da criação de Deus

 

Pode significar que foi a causa motriz de toda a criação, aquele que começou todo o processo da criação; tal como afirma R. C. Trench, “o princípio dinâmico”.

Não há dúvida que o segundo é o significado que o autor quis dar à sua expressão. A palavra, em idioma grego, é arché.

Nos escritos cristãos primitivos encontramos que Satanás foi o arché da morte, quer dizer, que a morte tomou dele seu princípio e origem.

Também se afirma que Deus é o arché de tudo o que existe, ou seja que é em Deus que todas as coisas têm seu princípio e origem.

No Novo Testamento encontramos muito frequentemente relações entre o Filho de Deus e a criação. João inicia seu Evangelho dizendo que “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:3). “Nele”, diz Paulo, “foram criadas todas as coisas” (Col. 1:15, 18).

“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;”

Apocalipse 3:15,16

“porque és morno estou ponto a vomitar-te da minha boca.”

 

Deve tomar-se nota do significado exato destas palavras. A palavra que se traduz “frio” é psujros, e pode significar frio ao ponto de congelamento. O Eclesiástico 43:20 fala do vento frio do norte que pode congelar a superfície da água estancada.

A palavra que se traduz “quente” tsestos, significa quente até o ponto de ebulição. A palavra que se traduz para morno é jliaros. As coisas mornas em geral têm um efeito nauseabundo.

A comida quente pode ser apetitosa, assim como a comida fria, mas a comida morna em geral nos revolve o estômago. O mesmo ocorria ao Cristo ressuscitado quando se fazia presente na Igreja em Laodiceia.

Entre todas as coisas a indiferença é a mais difícil de combater. Se alguém experimentar intensos sentimentos numa direção, pode ser convencido de mudar a direção de suas inclinações. Mas se alguém perdeu a capacidade de experimentar sentimentos ardentes, é muito difícil fazer algo com ele. A indiferença é uma espécie de morte gelada, na qual tudo deixou de ter importância.

vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

Apocalipse 3:18

“vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez”

 

O Cristo ressuscitado fala de “a vergonha da nudez” de Laodiceia.
tinha um significado muito mais forte no mundo antigo que entre nós.

Foi deste modo que Hanum tratou os servos de Davi (2 Samuel 10:4). A ameaça contra o Egito é que a Assíria levará nu a seu povo (Isaías 20:4).

A advertência de Ezequiel a Israel era que seus inimigos o despiriam de sua roupa (Ezequiel 16:37-39; 23:26-29, veja-se Oseias 2:3,9 e Miqueias 1:8,11).

Deus disse Naum que advertisse ao povo desobediente que: “Mostrarei às nações a tua nudez, e aos reinos, as tuas vergonhas” (Naum 3:5).

Por outro lado, estar vestido com roupas finas era uma grande honra. Faraó honrou a José vestindo-o com roupa de linho fino (Gênesis 41:42). Daniel é vestido de escarlate por Belsazar (Daniel 5:29). As vestimentas reais estão destinadas àqueles homens que o rei honra (Ester 6:6-11). Quando o filho pródigo retorna, é-lhe posto a melhor das túnicas (Lucas 15:22).

Vestes brancas significa santidade e justiça que só Cristo pode dar. Não adianta ter dinheiro e ser um pecador exalando corrupção.

“e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.”

Laodiceia se orgulhava de seu famoso colírio; exportava-o para todo o mundo como o remédio mais eficaz para as doenças dos olhos. Mas os fatos demonstram que Laodiceia era cega, visto que não via sua pobreza e sua nudez.

Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.

Apocalipse 3:19

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo.”

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo.” Há algo muito belo na forma de dizer estas palavras. Trata-se de uma citação de Provérbios 3:12.

Mas João ao citar modifica uma palavra. Na Septuaginta a palavra que se traduz “amor” é agapan; agapan indica a atitude respeitosa de benevolência e boa vontade que nada nem ninguém pode converter em ódio; mas na citação no lugar de agapan diz filein. Filein é a palavra que representa um amor verdadeiramente tenro e quente.

Podemos perceber melhor o significado desta oração se lermos: “É com aqueles que me são mais queridos que exerço a disciplina mais estrita.” A Bíblia está cheia dessa disciplina que o amor deve exercer sempre em sua relação com os que ama.

Não é o tipo de disciplina desinteressada que reflete poder e acusação, mas é o tipo de disciplina que diz a verdade e deseja que a pessoa transite pelo caminho da mudança.

“Repreendo”

Tomemos agora a palavra “repreendo”. A palavra grega significa aquela classe de repreensão que obriga necessariamente a reconhecer o erro e corrigi-lo.

Segundo Aristóteles trata-se da prova de que as coisas não podem ser de outro modo senão como nós o recomendamos”.

O exemplo mais vívido desta classe de repreensão é a forma como Natã enfrenta a Davi com seu pecado, quando Davi tinha arrumado a morte do Urias para poder ficar com sua mulher, Bate-Seba (2 Samuel 12:1-14).

Repreender um homem desta maneira não significa envergonhá-lo ou gritar com ele; não quer dizer descarregar sobre ele uma chuva de palavras fortes, por mais justo que isto possa ser; significa falar com o pecador de tal maneira que este não tenha mais remédio que reconhecer o mal que tem feito, admitir seu erro e corrigir sua vida e sua conduta.

A repreensão de Deus não é um castigo, mas uma iluminação.

 

Vejamos, agora, como aparece a ideia de “disciplina” em distintos lugares da Bíblia.

É muito característica no ensino dos Provérbios.

“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Provérbios 13:24; veja-se também 23:13-14; 27:6; 29:15-17; Salmo 94:12; Jó 5:17).

“Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Coríntios 11:32).

“É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos” (Hebreus 12:7-8).

É a uva espremida e não aquela que foi deixada de lado pelos bodegueiros, a que destila o licor mais fino.

Um fato da vida é que não há maneira mais segura de arruinar o futuro de um menino que permitir que ele faça o que quiser.

É um fato da vida que os melhores atletas e os eruditos mais valiosos são os que recebem o treinamento mais rigoroso e conseguiram adquirir a mais estrita disciplina.

A disciplina de Deus não é algo que devamos rejeitar, ou protestar, mas sim algo pelo qual deveríamos nos sentir devotamente agradecidos.

Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.

Apocalipse 3:20

“Eis que estou à porta e bato;”

Neste sentido devemos buscar a fonte desta passagem nas porções mais tenras do Cântico dos Cânticos, quando o noivo está à porta da habitação de sua amada e pede que o deixe entrar.

“Eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me…” (Cantares 5:2-6). Aqui o amante é Cristo, que bate na porta dos corações dos homens. Nesta imagem percebemos algumas das verdades mais importantes da religião cristã.

Vejamos os rogos de Cristo. Cristo está à porta do coração humano e roga. O único fato verdadeiramente único que o cristianismo contribuiu ao mundo é seu conceito de Deus como Aquele que busca o homem. Não há nenhuma religião que possua esta noção.

Normalmente em outra religiões é o homem que tem que buscar a Deus, o Cristianismo é a única religião em que Deus é que vai em busca do homem.

O Conselho Nacional Cristão do Japão redigiu um documento no qual tentava estabelecer claramente a diferença entre o cristianismo e outras religiões, e em um dos parágrafos que finalmente foram dados a conhecer, dizia: “A principal diferença é que não é o homem quem busca a Deus mas sim Deus que toma a iniciativa e sai para buscar o homem.”

Montefiore, o grande estudioso judeu da Bíblia, disse que “a única coisa que jamais ocorreu aos profetas ou aos rabinos judeus, foi a concepção de um Deus que sai à busca do homem pecador que não estava buscando a Deus e que inclusive se afastou deliberadamente dEle.”

Era suficiente, para eles; pensar que Deus era misericordioso para aceitar os homens que voltassem a Ele arrependidos; mas superava totalmente sua fé a possibilidade de que Deus saísse em busca do pecador não arrependido.

“Cearei com ele e ele comigo”

 

Vemos qual é a oferta de Cristo. A palavra que se traduz “cear” é muito significativa.

Os gregos faziam três refeições por dia. O café da manhã consistia num pedaço de pão seco molhado em vinho. O almoço, ou refeição do meio-dia, em geral não se tomava necessariamente na casa; consistia de algum bocado frio que se consumia ao estilo “piquenique”, à beira do caminho ou em alguma colunata ou no lugar da cidade.

A refeição da noite, ou jantar, era a principal do dia. Os eles participavam dela à vontade, tomando tempo para a observação, pois o trabalho do dia já havia terminado; não havia nada para fazer depois e portanto podia dedicar-se todo o tempo que se quisesse à conversa amável entre amigos.

A palavra que se usa em nossa passagem é a que designa a ação de participar desta ultima refeição do dia. Cristo participaria da ceia com aqueles que respondessem a seu chamado. Não se tratava de uma comida rápida, de passagem, mas sim de um momento de íntima fraternidade com Ele, sem apuros nem interrupções.

O coração do homem é como uma porta sem maçaneta por fora

Jesus Cristo nunca nos vai obrigar a que o recebamos ou aceitemos: espera até que nós estamos em condições de pedir-lhe para entrar.

Holman Hunt tinha razão quando ao representar esta cena num quadro que se tornou famoso (intitulado A luz do mundo), pintava a porta do coração humano sem maçaneta pelo lado de fora. Somente de dentro ela pode ser aberta. Tal como afirma R. C. Trench:

“Cada homem é o senhor de seu próprio coração; este é sua fortaleza; ele próprio deve abrir suas portas, quando deseja fazê-lo.” Possui “a prerrogativa e o privilégio de negar-se a abrir”.

O homem que se nega a deixar Cristo entrar em seu coração “é cego com relação à sua própria bem-aventurança”. É um “miserável vencedor”. Cristo solicita.

Cristo oferece. Mas tudo isto será em vão se nós não lhe abrirmos e o convidarmos a entrar.

“Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.”

Apocalipse 3:21

“Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono”

A promessa do Cristo ressuscitado ao que for vitorioso é que se sentará com Ele em seu próprio trono de vitória. Teremos uma imagem clara e correta se lembrarmos que no Oriente os tronos eram mais como um divã que como uma poltrona. Aquele que for vitorioso na batalha da vida compartilhará o trono do Cristo vitorioso.

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Apocalipse 3:22

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”

Cada uma das Cartas termina com as palavras: “Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Estas palavras cumprem duas funções:

1-Individualiza a mensagem das cartas.

Diz a cada homem que escuta as palavras do Cristo ressuscitado: “Isto se refere a ti.”

Muito frequentemente ouvimos a mensagem que nos é transmitida através do pregador e o aplicamos a todos outros mas não a nós.

Em nosso foro mais íntimo cremos que as palavras duras não podem referir-se a nós; ou que as promessas são muito belas para aplicar-se a nós. Mas esta frase nos diz, a cada um: “Isto se refere a ti.”

2- Generaliza a mensagem das cartas.

Significa que a mensagem das Cartas não está confinado aos membros de cada uma das sete Igrejas da Ásia Menor, faz muitas “centenas de anos. Através destas cartas o Espírito está falando com todos os homens de todas as idades.

Temos lido as cartas cuidadosamente sobre o pano de fundo da situação geográfica e histórica de cada uma das Igrejas e suas respectivas cidades; mas sua mensagem não é somente local e marcado pelo tempo; é uma mensagem eterna. Nestas cartas o Espírito pode falar conosco hoje.

Suas críticas nos exigem esquadrinhar nossos próprios corações; suas promessas nos oferecem as possibilidades de levantar nossos próprios ânimos; porque o Cristo que vivia naquela época é o mesmo Cristo que está vivo em todas as idades, inclusive a nossa.

Para maior compreensão do assunto assista ao vídeo abaixo:

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Autor: Antonio Lira

Fontes: O apocalipse de Willian Barclay

Bíblia almeida revista e atualizada

Andem no espírito e vivam em amor!

Prof. Antonio Lira

Leia também o artigo: Cartas às igrejas da Ásia igreja de Filadélfia

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Antonio Lira

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